Empreendedora usa bike para montar loja itinerante

Qual a sua concepção de loja? Um espaço físico em uma rua de comércio ou dentro do shopping? Se falarmos de algo tradicional, talvez seja essa imagem que venha à sua cabeça. Mas uma empreendedora de São Paulo resolveu apostar em algo muito mais simples, sustentável e possível: transformou sua loja on-line em uma bike store.

A bike store foi um jeito encontrado de aproximar a marca das ruas

Com os aluguéis de espaços comerciais cada vez mais caros e horários impostos de funcionamento em shoppings, a designer Flávia Ferreira apostou em rodar pelas ruas de São Paulo levando sua marca de acessórios, a F. Ferreira. Uma forma de aproximar-se de seus clientes e dar mobilidade ao negócio. “Éramos uma marca on-line com inspiração urbana e por isso sentimos a necessidade de nos conectar com a movimentação da cidade”, conta.

A ideia ganhou forma por meio de uma bicicleta customizada, montada artesanalmente por um designer automotivo. “Ele é mega detalhista, entendeu a vibe e produziu tudo. Nós só vimos o resultado no final”. Materializar o projeto da loja móvel ficou em R$10 mil.

Há pouco mais de um mês nas ruas, a bike store tem trazido bons resultados financeiros para a marca, ultrapassando o lucro das vendas na loja on-line. Segundo Flávia, em 15 dias nas ruas, ela fatura cerca de R$6.500. O aumento no faturamento bruto foi de quase 35%.

Para o futuro, a empreendedora pensa em maneiras de crescer de maneira sustentável e sem perder essa produção manual e artesã. Ela pensa até em criar algum projeto social de produção em alguma comunidade para gerar oportunidades. “Por enquanto são apenas ideias, quando a F.F começar a crescer, vamos precisar sentar e repensar nossos formatos de trabalho e nossos propósitos quanto marca”, finaliza.

Os acessórios são todos produzidos manualmente

Confira a entrevista com Flávia Ferrari, designer da marca:

1. O que te motivou a criar esse tipo de negócio sobre rodas?

A motivação por trás da criação da F.Bike Store veio da vontade de levar a marca para ocupar os espaços públicos da cidade, pois todo o inspiracional da F.Ferreira vem das formas, cores, texturas, personagens e luzes da cidade. Inicialmente éramos uma marca online com inspiração urbana e por isso sentimos a necessidade de nos conectar com a movimentação da cidade, está no nosso DNA. Nunca pensamos em ter uma loja de varejo no formato tradicional, com horários impostos, vitrines megalomaníacas, estacionamentos, enfim, esse formato não se encaixava com os valores que estamos construindo quanto marca e valores pessoais.

2. Como você montou a bike? Quanto foi gasto na customização? E há quanto tempo está com esse formato de negócio?

Quando surgiu a ideia inicial de criar uma bike store, eu e a Gabi (Gabi Alcantara responsável pelo Branding da F.F e idealizadora do projeto) começamos a pesquisar os formatos de pedal business existentes no mercado, bike de comida, bike bar, bike de doces, e também criamos um board de estilos de bicicletas que combinavam com a identidade visual da marca. Para unir visual + funcionalidade. Após desenhar alguns rascunhos, levamos o projeto para o designer automotivo Alexandre Martins (Maxiboom), que se apaixonou pela ideia e criou a F.Bike Store, feita 100% manualmente por ele e sua equipe. Ele é mega detalhista, entendeu a vibe e produziu tudo. Nós só vimos o resultado no final (ficamos beeem tensas, rsrs), nos surpreendeu, ficamos loucas pela bike. Todo o projeto de pesquisa de materiais e desenvolvimento (todos o processo é realmente manual) ficou em torno de 10 mil reais. O projeto está rodando as ruas e participando de eventos há um mês, e já trouxe bons resultados financeiros.

3.Que pontos de São Paulo você percorre e onde para? É preciso algum tipo de autorização da prefeitura?

Participamos de alguns eventos como Feira do Grafite, no Bixiga, evento na Casa das Caldeiras, MECA market, No Name Boteco e pelo menos uma vez por semana (sábado ou domingo) na Av. Paulista ao lado Gazeta e da Casper. Sempre anunciamos o local que estamos pelo nosso histories do instagram e agora vamos começar a divulgar no facebook também -> @fferreiraacessorios. A nossa empresa se enquadra como artesanato, pois todas as peças são desenvolvidas manualmente, e também emitimos nota fiscal das vendas e mercadoria, por tais motivos não necessitamos de uma autorização da prefeitura.

4.Quais os resultados a bike te trouxe? Houve reflexo nas vendas?

Os resultados foram muito positivos. Pensando em varejo, as vendas da bike são mais efetivas que as do nosso site.

5.Você trabalha sozinha ou tem uma equipe?

Somos seis pessoas na equipe, sou a designer de produto e cuido de toda a parte de compra de matéria-prima, desenvolvimento de produtos e clientes atacado. A Gabi é responsável pelo nosso Branding e toda comunicação da marca. Na nossa oficina de produção temos mais 04 meninas.

6. Pode falar em faturamento?

Marketplace: R$300,00 mês

Varejo Online: R$590,00 (loja tem um mês e meio)

Atacado: R$12.500,00

Varejo Bike: R$6.500,00 (15 dias na rua)

7.Quais os próximos passos da marca? 

Queremos explorar mais as possibilidades da F. Bike Store e em breve ter outras bikes rodando por aí. A ideia é crescer em formato de rede, onde cada um pode ser um pouquinho dono do seu próprio negócio, da sua própria bike. Fora isso, nosso desenvolvimento é em pequena e média escala, mas quando paramos para pensar em crescimento, pensamos em como crescer de maneira sustentável e sem perder essa produção manual e artesã, que é a alma da F.F. Dai surgem muitas idéias, como ter uma oficina de produção em alguma comunidade ou criar algum projeto social para gerar oportunidades. Por enquanto são apenas ideias, quando a F.F começar a crescer, vamos precisar sentar e repensar nossos formatos de trabalho e nossos propósitos quanto marca.